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Por Onde Anda - Enio Ribeiro de Almeida

04/09/2018

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* Texto publicado originalmente em nosso jornal Fator A, edição 36, de dezembro de 2015
Edição: Raphael Ramirez


Nasci em Assis (SP) em 16 de maio de 1947. Com três anos nos mudamos para Ibaiti (PR), onde tive uma saudável, alegre e feliz infância. Fiz primário no Grupo Escolar Monteiro Lobato, ginásio no Ginásio Estadual Antonio Martins de Melo, e Comércio no Colégio Comercial Estadual, todos de Ibaiti. Apenas o segundo ano do ginásio fiz no Colégio Cristo Rei de Jacarezinho (PR) e o segundo do Comércio fiz no Colégio Novo Ateneu de Curitiba (PR). Me formei em Direito, na Faculdade de Direito de Curitiba, em 1975.

Meus pais moravam na fazenda e sempre se preocuparam em nos dar bons estudos. Diziam que isso nunca ninguém tiraria da gente. Eu e minhas duas irmãs, Enid e Eni, tivemos um ótimo berço, que nos ajudou muito na vida. Com sete anos eu morava num hotel em Ibaiti (PR) para estudar, já que na fazenda não havia escola. Estudava de manhã e a tarde era engraxate na frente do hotel, onde sempre ganhava uns trocados para gastos pessoais. Todos os dias às 19h eu ia até a estação ferroviária esperar o trem, e sempre conseguia uma mala para carregar até o hotel. Certo dia um senhor me deu um saco de feijão com muitos quilos. Sofri muito para levar até o hotel. No final de semana os donos do hotel contaram para meus pais, que proibiram aquele trabalho.

Ingressei no Bamerindus em Ibaiti no ano de 1964, como Auxiliar Aprendiz. Eu ia de trem duas vezes por mês a Japira, Pinhalão e Cambuí apresentar duplicatas para aceite. Inúmeras vezes eu ia com mais alguém levar dinheiro na Regional em Jacarezinho, já que Ibaiti ainda não contava com agência do Banco do Brasil. No início foi tudo muito rápido. Passei pela Cobrança, Desconto, Contas Correntes, Caixa e Balancete. Do cargo inicial até Chefe de Serviços foram menos de quatro anos. Em 1969 saí de Chefe de Serviços de Ibaiti para Chefe de Serviços da Ag. Central Curitiba. Ibaiti tinha oito funcionários e a Central tinha quase 100. Foi uma experiência inesquecível e bem sucedida, muito graças a profissionais que tão bem me receberam e ajudaram. Em 74 tornei-me Coordenador de Serviços (Coser), na Gerência Regional Curitiba, cujo titular era Luiz Antônio de Andrade Vieira. Dois anos depois, fui para o Derac, e cheguei a Gerente de Divisão do Derac-Racao. Em 1978, com a vinda do sr. Ottorino Marini para a Diretoria Administrativa, no lugar do sr. José Eduardo, houve uma mudança geral na Matriz. Fui para a Área de Administração de Pessoal. Foi uma experiência única, por poder conhecer o âmago da empresa, e os diversos estilos gerenciais dos líderes de equipes. Estive lá até final de 80. No início de 81, o sr. Marini me transferiu para São Paulo (SP), para substituir o sr. Estanislau Bartczak, respondendo pela área administrativa do estado. Muito aprendizado, muito trabalho e anos gratificantes. Um verdadeiro curso de pós-graduação. Na mesma função, em São Paulo, fui promovido a Diretor Adjunto em 1983. Em 1984, retornei a Curitiba para a Diretoria de Produtos-Diretor de Pessoa Física. Em 1986, fui promovido a Diretor Estatutário, assumindo a Diretoria de Serviços, substituindo o Muggiatti, que foi para a Diretoria de Produtos. Certamente Diretor de Serviços foi a posição mais importante na carreira; lá fiquei por oito anos, bastante tempo para uma área tão importante e complexa, voltada exclusivamente para resultados de reduzir despesas e aumentar receitas, como sempre definia o sr. José Eduardo. Em boa parte desses oito anos, acumulei os cargos de Diretor de Contabilidade e de Crédito Imobiliário que representava o Banco junto ao Banco Central e outras autoridades monetárias.

Exerci ainda os cargos de Conselheiro do Conselho Curador do FGTS, Conselheiro do Conselho Curador do FCVS-Fundo de compensação das Variações Salariais, Vice Presidente da Abecip-Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, e Presidente da Arecip-Sul-Associação Sul das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança.

Entre 1996 e 2002, o banco teve uma fase excepcional em todas as áreas, chegando à liderança em algumas delas, e no ranking geral chegou a se aproximar muito do segundo colocado dos Bancos. Em 1993, outra grande mudança organizacional: a Diretoria de Serviços foi extinta. Suas funções foram divididas em seis áreas e fui designado a uma delas, o recém-criado Segmento Imobiliário, onde permaneci até encerrar a carreira em meados de 1996.

Será impossível listar todas as pessoas marcantes na minha carreira. Vou citar algumas que foram decisivas em algum momento. Clóvis Vieira, Marco Baggio Neto, Luciano Bergstein, Ademar Zanini, pessoas incríveis, com as quais aprendi muito. Basilio Villani, Etelvino Narciso Marca, Paulo Gasparoto, Silas Fabricio de Melo, grandes pessoas, executivos e chefes. Heinz Ahlert, Jair Mocelin, Jayro Ortiz, Marcos Jacobsen, Mauricio Schulman, Muggiatti, Pizzato, Sérgio Reis, foram pares brilhantes. Formávamos o Comitê Executivo na fase de maior crescimento do Banco. José Eduardo foi um grande chefe, enquanto esteve no dia a dia. Os desligamentos prematuros do Dr. Mathias Vilhena de Andrade e Ottorino Marini, foram dois grandes equívocos. Fizeram enorme falta.

Quem até hoje me traz as melhores recordações é o Sr. Avelino A. Vieira. Na Ag. Central, no tempo que a conta corrente ainda era um cartão amarelo grande, todos os dias me procurava para conferir os lançamentos. Ele fundou o banco e criou a Apaba, que me dá boas condições de vida com 20 anos já aposentado. Para nós Apabeanos, todo dia 27 é dia se lembrar do Sr. Avelino. O melhor “causo” da minha carreira aconteceu na Ag. Central. O pessoal do conta corrente chegava muito cedo para lançar a compensação. Deixavam sobre minha mesa, as contas e cheques com insuficiência de fundos. Eu e o Silas fazíamos uma triagem antes de devolver. Para alguns casos, quando a insuficiência de saldo era pequena, nós depositávamos do próprio bolso e pedíamos para a secretária ligar. Um dia veio uma linda moça me procurando para pedir desculpas, agradecer a confiança por ter coberto o cheque, e pagar o depósito que eu havia feito. Logo depois nos casamos e constituímos uma linda família.

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