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POLUIÇÃO E BAIXA UMIDADE DO AR - Aumentam risco de morte em idosos doentes

15/09/2011

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A baixa umidade do ar pode trazer mais malefícios à saúde do que olhos, nariz e garganta secos. Quando ela permanece muito abaixo do recomendado – 60% é o ideal -, pode agravar problemas respiratórios e cardíacos em idosos já doentes, levando-os mais rápido à morte. Essa foi a constatação de um estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Ao comparar dados de um período no qual a umidade estava acima da média, como nos 11 dias consecutivos de agosto de 2010 em que a cidade de São Paulo permaneceu com índices alarmantes (abaixo de 30%), os cientistas do laboratório de poluição atmosférica experimental da USP notaram um aumento no número de mortes da população.

Depois de fazer cálculos estatísticos cruzando os dois períodos, envolvendo dados de internações e mortes retirados do serviço de verificações de óbitos da capital paulista (local onde ocorrem as autópsias de corpos cuja morte foi natural), os pesquisadores observaram que a maioria das mortes era de idosos com problemas cardíacos que já estavam doentes.

Segundo a meteorologista Micheline Coelho, uma das autoras do estudo, a junção do tempo seco com o acúmulo de poluentes no ar de São Paulo foi o que ajudou a debilitar ainda mais a saúde dos idosos já doentes.

- Essa condição extrema de seca o tempo todo, junto com os poluentes de São Paulo, podem ter agravado o quadro dessas pessoas que sofriam de doenças cardiorrespiratórias e favorecido o óbito das que já estavam doentes. Mas isso não quer dizer que a baixa umidade mata por si só, ela precisa ser frequente e aliada a outros problemas de saúde.

Outra conclusão do estudo mostra que a queda brusca da umidade por tantos dias seguidos e o acúmulo de poluentes já devem ser encarados como um impacto das mudanças climáticas na saúde da população.

- O impacto dessas mudanças em São Paulo e em qualquer cidade são os extremos climáticos. Com essas mudanças, o que acontece na prática é que os eventos começam a ficar mais desgovernados, ou seja, a umidade pode ficar abaixo do normal, pode haver mais chuvas do que o esperado e temperaturas mais altas, que prejudicam a saúde das pessoas.

Muitos carros x saúde

Outra pesquisa do laboratório da USP, realizada em 18 capitais, no ano passado, concluiu que todas essas cidades vêm sofrendo uma influência cada vez maior de poluentes na saúde, por causa do aumento no número de carros.

Em Brasília, por exemplo, os cientistas descobriram que houve um aumento maior no número de internações por problemas respiratórios nos meses de novembro e dezembro, de tempo quente. Os dados surpreenderam a equipe, já que esses tipos de doenças são mais comuns no frio, enquanto no calor, época de mais chuvas, na prática, o ar fica mais limpo.

Sem terem acesso aos dados de medição da poluição da cidade, sobrou aos pesquisadores aferirem a um possível impacto dos poluentes na saúde dos pacientes, de acordo com Micheline.

- A gente sabe que hoje com o crescimento econômico está todo mundo comprando carro e, na prática, a gente percebe que ninguém tá medindo isso e até que ponto a gente vai saber o seu impacto na saúde.

Vale ressaltar que a poluição do ar é uma das consequências da emissão de gases do efeito estufa, que impacta a saúde de diferentes maneiras, de acordo com a região.

Segundo a pesquisadora, a falta de medidores de poluentes em capitais e cidades do interior impede um trabalho mais detalhado sobre seus impactos na saúde em todo o país.

- O mais complicado é a parte respiratória. Muita gente que tem asma fica vulnerável; os adultos no trabalho, as crianças na escola, sem contar os idosos, que são os que mais sofrem, inclusive quando se junta a isso a baixa umidade.

Mesmo existindo políticas públicas que visam diminuir efeitos das mudanças climáticas no país, em ações coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente, Saúde, Agricultura e Ciência e Tecnologia, o primeiro afirmou que não há projeto de âmbito nacional para a implementação de medidores de poluentes.

Em nota, o Ministério do Meio Ambiente afirma que não existem medidores em todas as capitais e que “isso é função dos Estados e municípios”.

Possível solução

Para acabar com as incógnitas na hora de medir os impactos de poluentes na saúde, Micheline e o professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, especialista em poluição ambiental, criaram o índice de ar urbano. Similar ao índice de inflação, ele vai estimar as taxas de mortalidade e de internação em São Paulo por meio da medição de temperatura e umidade, entre outras variáveis, transformando o resultado em um índice.

Um exemplo: para saber o índice de doenças cardiovasculares na cidade potencializadas pelo nível de poluentes, o índice será composto por poluentes presentes no ar, como enxofre, monóxido de carbono e ozônio, junto com os índices de umidade relativa do ar e de temperaturas máximas, todos calculados em conjunto.

O projeto de pós-doutorado da meteorologista será apresentado no congresso mundial de meteorologia na Nova Zelândia no fim do ano.

- Esse índice vem para estimar o risco na saúde nas grandes cidades. Isso é importante porque grande parte da população mundial mora nos grandes centros.

Fonte: R7

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