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Livre sua casa dos raios
28/01/2010
Só quando um raio cai em casa é que as pessoas percebem o tamanho do prejuízo causado pelas forças da natureza - inclusive para o bolso. Normalmente, o dano elétrico pode atingir não só os disjuntores do quadro de força, mas pode ser maior com a queima de eletrodomésticos, eletroeletrônicos, chuveiros e até mesmo interfones, gerando gastos e transtornos. E tudo isso poderia ser evitado com a instalação de um pára-raios, que pode custar a partir de R$ 400, dependendo do modelo e do tamanho do imóvel.
O equipamento é antigo e foi desenvolvido inicialmente pelo cientista norte-americano Benjamin Franklin, que estudou os efeitos das descargas elétricas com a ajuda de uma pipa.
Com o experimento, ele constatou que um raio normalmente tende a atingir os lugares mais altos de uma região. É por isso que os pára-raios são instalados em pontos elevados. No entanto, também podem cair em casas térreas, sobretudo se esses imóveis fi carem em regiões descampadas.
De acordo com o engenheiro Edson Martinho, presidente da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), isso ocorre por conta da natureza do próprio raio. "Há uma nuvem carregada de potencial negativo ou positivo, enquanto o solo está carregado de potência contrária. Uma hora essa descarga precisa ser liberada e, quando isso ocorre, o raio busca sempre o melhor caminho para atingir a terra, e normalmente é passando primeiramente por um objeto mais elevado, como uma construção, uma árvore ou uma pessoa, para depois ser descarregado no solo", explica.
Diminui o preço do seguro
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP), Mário Sérgio de Almeida Santos, o fato de instalar um pára-raios em casa pode até mesmo reduzir o preço do seguro residencial, dependendo da seguradora, afi nal, com o dispositivo, os riscos de acidente elétrico serão bem menores.
No entanto, o uso do dispositivo só é obrigatório em alguns casos. Quem determina isso é a Norma 5419 de 2005, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essa resolução estabelece inclusive o ângulo do pára-raios, que varia de acordo com o tamanho da construção.
Para instalar o equipamento, o ideal é sempre contratar um especialista, pois qualquer acidente com descarga elétrica pode ser fatal. Embora não existam dados específi cos sobre mortes causadas por raio, a situação é preocupante: dados da AES Eletropaulo mostram que no ano de 2007, 179 pessoas sofreram acidentes de qualquer natureza motivada por energia elétrica.
Um raio cai duas vezes no mesmo lugar?
Sim, eles podem cair em um mesmo local mais de uma vez, ao contrário do que diz a crença popular. Portanto, esqueça a história de que, se sua casa já foi atingida uma vez, nunca mais será. O fato do imóvel já ter sido atingido pela natureza mostra justamente o contrário: pode até ser um forte candidato a novos acidentes com descargas elétricas desse tipo, por conta da localização.
No caso de chácaras ou propriedades rurais, os riscos são ainda maiores, pois em áreas descampadas a probabilidade do alvo ser a casa é maior, justamente por conta da escassez de construções, diminuindo a 'concorrência'. Piscinas e campos de futebol, aliás, também são lugares de muita incidência de queda de raios, pelo mesmo motivo. Nestes locais, portanto, o uso de pára-raios reduz os riscos de acidentes.
Franklin
O equipamento desenvolvido por Benjamin Franklin continua sendo o aparelho mais comum de pára-raios no mercado. É bastante simples, mas não deve ser instalado sem a supervisão de um especialista. Consiste em uma haste metálica com ponta de cobre ou platina, ligada ao solo por cabos de descida e condutores enterrados. Assim, quando o raio cai sob o imóvel, ele tende a ser descarregado na terra, minimizando os riscos de danos à propriedade e aos moradores.
Gaiola de Faraday
A diferença deste sistema e do anterior é a instalação: a estrutura metálica forma uma espécie de armadura ao redor da edifi cação, pois há diversas barras e hastes que se juntam para conduzir o raio ao solo. "A Gaiola de Faraday possui mais de um ponto onde o raio pode atingir. Quando isso ocorre, a carga de energia é dividida e minimiza a pressão sob os condutores quando é levada ao solo", conta Martinho.
Texto: Rodrigo Gallo