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ENVELHECER - O Saber de Cícero

17/02/2009

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Por: Elza Lustosa da Costa (socióloga e historiadora)

 

Ser velho nunca foi fácil. A velhice sempre esteve cercada de preconceitos. Desde os tempos mais remotos, a condição de idoso foi alvo de discriminações, principalmente nas sociedades modernas cujos objetos e condutas mais valorizados e almejados excluem cada vez mais os que chegaram à terceira idade. A leitura de Saber Envelhecer de Cícero ajuda a refletir sobre as crenças generalizadas que fundamentam e legitimam a exclusão das pessoas de terceira idade das esferas de decisão e de qualquer prazer terreno. Cícero foi um filósofo , jurista e político romano. Suas indagações e conselhos, escritos 44 anos antes de Cristo, continuam válidos até hoje.

 

Segundo Cícero, são quatro as razões que justificam a concepção de que a velhice é detestável.

 

1) Ela nos afastaria da vida ativa.
2) Ela enfraqueceria nosso corpo.
3) Ela nos privaria dos melhores prazeres.
4) Ela nos aproximaria da morte.

 

Contra a primeira razão, Cícero argumenta que não é a juventude que autoriza as grandes façanhas. Ele ressalta outras qualidades capazes de nos levar a grandes realizações como a sabedoria, a clarividência, e o discernimento, atributos dos quais os idosos não estão privados e talvez sejam até mais equipados que os jovens. Ele pondera que a memória é um instrumento necessário à presença desses três atributos. Para que os velhos não padeçam da perda de memória, ele aconselha que se cultue diariamente essa capacidade humana, fazendo exercícios de memorização. O interesse e a curiosidade pelos assuntos mundanos pode ser um desses exercícios.

 

A falta de vigor seria o segundo inconveniente suposto da velhice. Neste caso, Cícero sugere que os idosos devem lutar contra o sentimento de frustração pela perda de sua força e diz que é preciso se servir daquilo que se tem, e não importa o que se faça, fazê-lo sempre em função de seus meios. Ele condena a super valorização do desempenho físico em detrimento do valor atribuído ao desenvolvimento mental e espiritual.

 

A privação de prazeres seria o terceiro agravo que se comete contra a velhice. Para contrapor este argumento, o filósofo romano se vale das idéias de outro pensador, Arquitas de Tarento, que acredita que a busca desenfreada do prazer em si embota a razão e turva os olhos do espírito, trazendo assim mais prejuízos do que benefícios ao homem. Cícero repetia que ao em vez de criticar a velhice, devemos nos felicitar que ela não nos faça lamentar os prazeres. Ao renunciarmos aos banquetes, às mesas fartas, e às taças generosas renunciamos também à embriaguez, à indigestão e à insônia.

 

Resta a examinar a quarta razão de temer a velhice: a aproximação da morte. Trata-se de outro preconceito associado à velhice. Na verdade, a morte nos espreita a todos. Diante do inevitável só há duas alternativas: podemos ignorá-la se pensarmos que ela ocasiona o desaparecimento da alma, ou desejá-la se ela confere a essa alma sua imortalidade.

 

Cícero finaliza fazendo uma exaltação aos que conseguiram chegar à velhice e avalia que se o mundo fosse composto por uma maioria de idosos seria mais justo, pois a inteligência, o julgamento e a sabedoria são próprios à terceira idade. Para ele, o mais importante é encontrar o prazer e o encanto peculiar a todas as fases da vida.

 

Transcrito do site da “APSEF" (Associação Nacional dos Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal)

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