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Por Onde Anda - Antonio Campos Silva Junior

23/12/2021

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* Texto publicado originalmente em nosso jornal Fator A, edição 48, de dezembro de 2021
Edição: Raphael Ramirez

Nasci em 1949 na cidade de Cornélio Procópio/PR e me criei em Paranavaí/PR; meu pai era bancário, inaugurou a agência do Banestado na cidade. Também tivemos uma rápida passagem em Santa Isabel do Ivaí/PR durante a minha adolescência, local em que conheci dois grandes bamerindianos: o sr. Ibrahim Fayad, que era gerente daquela agência, e o Paulo Gasparoto, que na época era funcionário da agência.

Retornamos a Paranavaí, época em que concluí o meu curso ginasial. Vim para Curitiba/PR em 1968, aos 19 anos de idade, para trabalhar na primeira companhia de crédito imobiliário do Paraná, a Credipar, que posteriormente virou a Banestado Crédito Imobiliário. Trabalhei lá por cerca de três anos, e foi justamente neste período que conheci a minha esposa, Ana Rita; nos encontramos lá e nos casamos em 1974.

Na oportunidade eu saí da Credipar, por motivos de natureza política. Fui então fazer um estágio com um amigo, na Bolsa de Valores do RJ. Fiz este estágio que culminaria na abertura de uma dependência aqui em Curitiba. Na oportunidade conheci o José Eduardo de Andrade Vieira: ele sempre foi muito amigo do Henrique de Souza Padilha, diretor do banco; o Henrique é cunhado da minha mulher. Por força desta ligação e do período em que trabalharam juntos no Rio de Janeiro, conheci o José Eduardo e ele me convidou para entrar no banco.

Ele me encaminhou para fazer um teste na área de sistemas, na época com o seu Adherbal Vilhena, Jair Capristo, Augusto, o Bley, aquele pessoal que começou o CPD lá no Portão. Fiz um teste para programação, mas não passei. Eu já estava fazendo faculdade de Administração na PUC-PR, e como havia um pedido do José Eduardo, o seu Adherbal me encaminhou para outra empresa do grupo que talvez pudesse me aproveitar.

Fui encaminhado para o sr. Átila Andrade Lemos, diretor técnico do Bamerindus Crédito Imobiliário, que ficava na Comendador Araújo, quase esquina com a Desembargador Mota. Na oportunidade eu conversei com ele, que me apresentou ao sr. Luis Fernando, gerente geral do crédito imobiliário. Fui contratado para trabalhar na cobrança, área que eu já tinha uma boa experiência.

O meu gerente se chamava Vasco; lá conheci boas pessoas, muitas que ainda estão no banco: Wilson Kosinski, Valter, Alberto Takayasu, um pessoal maravilhoso que formou a minha base de conhecimento do Bamerindus. O curioso é que a cobrança ficava em frente à sala da diretoria, num mezanino em frente à sala da gerência geral e da área jurídica do banco. Na área jurídica ficava o advogado responsável, Nelson Fanaya; por ali também trabalhava o Pizatto, e eu achava estranho o fato de a cobrança estar localizada justamente naquele local.

Fiz uma proposta para o Vasco, já que eu precisava fazer um trabalho para a faculdade, de fazer um estudo de layout da cobrança, para desenvolver um espaço melhor de adequação daquele ambiente dentro do crédito imobiliário. Na hora ele não gostou muito, mas conversou com o Luis Fernando e me autorizou a fazer este estudo. Desenvolvi este estudo incluindo movimento, deslocamento, melhor local, um trabalho bem completo, e apresentei este projeto que mudava a cobrança para um ambiente próximo ao caixa; de um lado você acertava a sua dívida, no outro você já fazia o pagamento, evitando movimentação em frente à diretoria.

Isto chamou a atenção do dr. Fanaya e o José Eduardo, já atuando como Diretor Administrativo do banco, na época com ideias revolucionárias, tinha convidado o Fanaya para ser Gerente de Recursos Humanos. O Fanaya perguntou se ele indicaria alguém para acompanha-lo neste novo momento, tendo em vista que estava sendo criada uma área de cargos e salários no banco, para gerenciar planos de carreira, tabelas salariais adequadas, etc. O Fanaya enxergou em mim uma pessoa que poderia contribuir. Foi um grande aprendizado que me oportunizou trabalhar diretamente com o José Eduardo.

Assim começamos a área de cargos e salários, que me oportunizou conhecer este banco maravilhoso que foi o Bamerindus, porque tive que entrevistar as pessoas para fazer uma descrição de todos os cargos. Foi quando conheci o Rubinê, o pessoal do Fundo de Garantia, o Etelvino, o Artur, na Área de Arrecadação, o Sérgio Reis, viajei bastante para fazer estas descrições de cargos. Isto me deu a noção do que era o banco.

Paralelamente, o Basílio Villani montou uma área correlata aos Recursos Humanos, por orientação do José Eduardo, de reorganização das agências. Nesta reestruturação desenvolvemos um programa chamado “Funcionograma”, que tratava de agrupamentos por afinidades de carteira de uma agência. Tinha carteira de conta corrente, de ordem de pagamento, de desconto, de cobrança. Desenvolvemos um trabalho conjunto de agregar qual cargo seria adequado para cada carteira. Acertamos isto, depois acertamos os cargos de matriz e todos eles ficaram linkados a uma tabela de salários. Foi uma revolução.

Além da área de recursos humanos, trabalhei em outras do banco: na área de matriz fui privilegiadíssimo, pois sempre me envolvi em áreas e produtos inovadores. Trabalhei um período no DESER, que é um grande departamento e eu era responsável pelo suporte administrativo; do DESER fui nomeado pelo José Eduardo para ser Gerente de Produto. Neste momento entrou a área de produtos no banco, de criação. Fui designado para trabalhar com o Basílio, que era o Gerente Geral de Serviços Gerais; atuei neste período como Gerente de Produtos de Cobranças.

Tivemos muita liberdade para trabalhar. Montamos uma equipe muito boa, com o Alcion Sponholz, Rubinê, Valdo, Clayton Karam, Edson Luiz, Nilton, Norberto, Ortiz, e coube a nós desenvolver toda esta área. O banco não dava muita bola para a cobrança, o importante era o título descontado. Identificamos que faltavam informações; criamos todo um conceito, estruturando um processo com uso mais inteligente das fichas de compensação. Revolucionamos o mercado, lançamos isto em São Paulo e, com isto, mudamos o conceito de cobrança entre os bancos, principalmente dentro do Bamerindus. Foi um período muito rico: criamos o cheque Autoplan, fizemos produtos extraordinários, com muito aprendizado e inovação.

Rompida esta fase, no final da década de 80, começamos a atender as petroleiras nacionais. Nesta época o Basílio saiu para se candidatar e pediu ao José Eduardo e ao Sérgio Reis que eu atuasse como o marqueteiro dele. Aceitei e fui, sem entender muito sobre o cargo, afinal eu tinha experiência em produtos bancários. Aprendi e sofri muito com esta experiência, o Basílio foi eleito e eu acabei retornando para o banco, desta vez designado para a agência Centro Cívico, como Subgerente ao lado do Celso Bittencourt. Foi uma época boa, trabalhando em agência, coisa que eu ainda não havia feito; fui encaminhado para esta agência justamente para trabalhar com a classe política, bancários e empresários, que eram os clientes do local.

Menos de um ano depois, o dr. Jair Mocelin me chamou para realizar um trabalho no Rio de Janeiro, na área de grandes contas. Fui trabalhar com o Mulinari, com uma missão muito interessante: eu precisava me reportar ao dr. Jair Mocelin, em Curitiba, toda semana, mesmo morando no Rio de Janeiro. Então eu fiquei quase três anos indo e vindo, correndo o Brasil todo, afinal eu fazia este atendimento nas grandes contas do país todo. Atendíamos os postos de petroleiras de todo o Brasil, viajei para arrebentar neste período.

Voltei para Curitiba no inicio dos anos 90, para cuidar das grandes contas da cidade. O meu gerente regional era o Clayton Karam, e por todo este histórico acabei assumindo as contas de governo, como Telepar, Prefeitura, entre outros. Fizemos algumas coisas interessantes nesta época, até que houve uma reestruturação e acabou esta regional. O Dirceu Tavarnaro veio para cá, assumiu esta função, incorporou na regional de agências a área das grandes contas e me levou para ser o contraparte dele para cuidar apenas do atendimento das grandes contas da região.

Fiquei um tempo por ali até que o dr. Belmiro criou os seus segmentos no banco, para trabalharmos em nichos mais específicos; após um tempo de atuação na área, o Dirceu Tavarnaro me indicou para substituir o Assis no segmento automotivo, como executivo responsável. Foi uma época interessante, pois era um trabalho solitário: eu mesmo administrava o meu tempo e as minhas atividades, e prestava contas diretamente com o dr. Belmiro, que era o presidente do banco. Conseguimos fazer o financiamento dos ônibus que vieram para Curitiba, para realizar todas esta reestruturação e transformação de Curitiba durante a gestão do Jaime Lerner. Foi neste cargo que eu encerrei a minha carreira no banco, em junho de 1996.

Posteriormente, me foi oportunizado prestar alguns serviços terceirizados ao banco, como cursos à distância, porque paralelamente a toda esta atividade que tive no Bamerindus, eu era professor contratado da PUC-PR para cursos de pós graduação, em matérias específicas, como Marketing, Recursos Humanos, Negociação, etc. Atuei por cerca de uma década como professor nestes cursos modulares e de pós. Passei a ter outras atividades: além das aulas, constituí uma empresa de assessoria em Marketing, Planejamento Estratégico e Negociação. Em abril de 1997 fomos surpreendidos com a intervenção do banco, e desta forma surgiu a APABAM.

A APABAM nasceu em um momento em que o Antonio Rubinê Abrão e o Osvaldo Luiz Patrão, ainda na ativa no banco, ficaram sabendo de um boato que o Fundo Apaba iria acabar. Eles passaram esta informação para o Alcion Sponholz que, sem saber o que fazer, foi falar com o Basílio Villani, na época deputado federal, que pediu que fossem reunidas algumas pessoas que já recebiam o Fundo para discutir o assunto.

Esta referida reunião foi realizada com um número restrito e seleto de colegas, e o assunto foi apresentado e discutido. O saudoso Cidão teve a ideia de criarmos uma associação para defender os nossos direitos. Foi assim que nasceu e foi nomeada a APABAM. Fui indicado a ser o primeiro Presidente da associação, ao lado do Clayton, Alcion, Audinir e Ivan na Diretoria Executiva.

Neste inicio de estruturação da APABAM, tivemos quatro profissionais imprescindíveis que nos ajudaram muito: o Schmidt, o Anildo, o Wilson Zaninetti e o Chicão. A nossa primeira sede foi em um espaço bastante improvisado, numa garagem do escritório do Basílio. Era ali que nós trabalhávamos e tivemos um primeiro endereço.

A partir de então foram muitas batalhas, reuniões, luta, diálogo, conversa e negociações com interventores, diretores, políticos e ministros, mas desde o primeiro dia da intervenção os apabeanos nunca deixaram de receber a sua complementação de aposentadoria, graças aos esforços contínuos da Diretoria da APABAM.

Sou casado com a Ana Rita, uma ex-bancária; temos a mesma formação, a mesma idade, histórias de banco muito semelhantes: ela fez coisas fantásticas também em várias áreas do Banestado. Temos três filhos, todos adultos; um mora em Curitiba, outro mora entre Portugal e Índia e minha menina mora em Nova Zelândia. Já temos quatro netos, quatro garotos. Fico feliz e realizado por ter todos os meus filhos formados, o pai do céu foi muito bom para mim, não tenho do que reclamar.

Hoje pratico academia, faço pilates, ando bastante, pesco, faço leitura, faço parte de algumas atividades filantrópicas; fico mais tempo atualmente no litoral do que em Curitiba. Como recado aos Apabeanos, peço que se fixem na trilogia “Estabilidade, Solidez e Força”: já estamos no final da vida, mas temos que acreditar e ter foco na continuidade da nossa associação. Não podemos nunca nos esquecer de ser úteis nesta vida.

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